Pessoas, plural de Pessoa.

"Pessoas, plural de Pessoa" é um espectáculo multidisciplinar que reúne Teatro, Música, Poesia e Multimédia.
 
Este projecto nasceu da forte admiração pela vida e obra de Fernando Pessoa. E a maneira sublime como nos leva a um universo de múltiplas personagens interiores e exteriores e  sua relação com o outro e com os outros.


A ideia original era celebrar a multiplicidade de Pessoa e simultaneamente criar um espectáculo didáctico onde se pudesse descobrir ou revisitar palavras e textos que nos provocam a conhecer mais do poeta incontornável que Fernando Pessoa é, em Portugal e no Mundo.


Estreado no dia 27 de Março de 2010, na Ramada, inserido no programa da Semana da Juventude da Junta de Freguesia da Ramada e a celebrar o Dia Mundial do Teatro.


O evento contou a a presença do executivo da Junta de Freguesia da Ramada e o Presidente Francisco Bartolomeu na companhia da Vogal da Cultura, Ana Monteiro, entregou a Nuno Filipe, o director de produção, uma peça artesanal, representando um moinho saloio, evocativa do momento. Do Executivo da Junta marcaram também presença o Vogal da Juventude, Bruno Duarte como é habitual nestas iniciativas e o Vogal Manuel Fortunato. No final da estreia a Junta de Freguesia da Ramada ofereceu aos presentes um Porto de Honra. O dinâmico responsável pela Cultura e Juventude da Junta de Freguesia de CaneçasBruno Martins, marcou também presença com o carinho especial e a simpatia que o caracterizam.
 

Assistiram à estreia 77 pessoas que encheram por completo os lugares disponíveis. Sendo todo o espectáculo carregado de uma enorme simbologia, o padrão das cadeiras, a sua distribuição na sala e o seu número eram também simbólicos.
A riqueza plástica do cenário e dos figurinos, da responsabilidade de Carolina Rio, foi largamente elogiada pelos presentes. O trabalho final é realmente impressionante e para isso contribuiu grandemente Susana Filipe.


O desenho de luz ajudava a compor os ambientes, umas vezes frio, outras vezes pleno de uma sensualidade que evocava o desejo e o lado sensual de uma vida ainda tão cheia de vazios e mistérios por desvendar. 


Ao centro ocupando o palco que não existe um enorme pentagrama, no sentido claro de evocar os elementos primordiais que ligam a vida e a morte. E na periferia, como que marginais à cena, os múltiplos personagens masculinos suportando-se sem interagir. 


O espectáculo vive muito da música. A momentos tudo se transforma e ficamos com a sensação de estar a assistir a um musical Pessoano. A presença dos músicos, compondo o cenário de fundo é intencional, eles não estão ali como um complemento mas sim como actores desta multiplicidade.
Ao piano as mãos mágicas de Tiago Pires que, como sempre, acrescentou segurança e consistência ao conjunto, ilustrando o ambiente da forma que só a música consegue.   


A multiplicidade do director musical João Pedro Sousa, o original e criativo Jota, fez de tudo um pouco desde percussão às cordas da viola e do baixo passando ainda pelo didgeridoo.


As músicas apresentadas são quase todas originais, compostas e orquestradas pelos membros do projecto. A música "No Comboio Descendente" é uma adaptação do tema de Zeca Afonso. O tema "Gato" tem música original de Luís Henriques.


Um curto mas incisivo apontamento multimédia de João Paulo Dias é o ponto de partida para esta viagem, uma partida anunciada num comboio que larga da estação urbana de fronte da tabacaria de defronte... 

 
O guião é uma inteligente compilação de textos de Fernando Pessoa e dos seus heterónimos, por vezes declamados, outras cantados completando a dramatização de um excerto de "O Marinheiro". 


O trabalho apresentado é o resultado de uma apurada investigação da autoria de Marta Nogueira, Catarina Chaves e Carla Bernardino que, neste texto, conseguem cruzar palavras, ideias e inquietações num diálogo retórico entre os heterónimos, as veladoras e o próprio Fernando Pessoa.


As personagens não são fáceis de definir nem identificar pois a pluralidade é a palavra de ordem, as três veladoras originais estão desdobradas em seis: Eliana Santos, Sofia Custódio, Sofia Alexandra, Mafalda Gomes, Ana Filipa e Patrícia Pedro meninas que acompanham a sua irmã, Daniela Bandeiras, na noite do último adeus.

Fernando Pessoa, Alexandre Oliveira, aparece sentado junto a uma pequena mesa em que podemos encontrar uma máquina de escrever, uma garrafa de aguardente e um cálice, cigarros espalhados e um cinzeiro, diversas folhas de papel e um pequeno espelho redondo.


Ricardo Reis aparece-nos como estudante, André Francisco, e marialva, João Paulo Ferreira.
 


 
E Álvaro de Campos dividido entre a lealdade que deve ao seu lado pessoano, João Paixão, como coisa real por dentro, e a Almada Negreiros, Nuno Sanches, como coisa real por fora. A presença de Almada é sentida nos figurinos e nos adereços.  


Ainda digno de nota o aspecto rústico de mestre Alberto Caeiro, André Carvalho, e fica-nos a sensação de faltar a seu lado Cesário Verde...


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